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Desejo (in) determinado

Leandro Scoralick, 2020.

Há que querer aquilo que nos quer, é essa a única liberdade que podemos construir. Ser livre é obedecer à necessidade ensinada pela roda do eterno retorno das coisas.” (ONFRAY, p. 351, 2010).

Desejo pode ser um estímulo privado, ocasião para um comportamento verbal ocorrer enquanto tato de alguma sensação, de alguma privação, ou mesmo tato de algum reforçador, o objeto do desejo, de um estado do corpo, ou mesmo a própria resposta de desejar, esse verbal é consagrado socialmente, logo, só falamos aquilo que aprendemos falar sobre os nossos desejos. Portanto, é necessário um treino, um adestramento a priori, que autoriza o sujeito a traduzir os desejos do seu corpo em palavras. A língua é treinada, domesticada como todo o resto do corpo, estratégias do romantismo, do bovarismo, que tem como princípio escurecer, mascarar a verdade nua e crua da espécie.  (ONFRAY, 2010). O que a cultura faz, portanto, é classificar sonhos, desejos, pensamentos, estratégia essa que é fruto da tradição platônica, uma regressão aquilo que é como supostamente deveria ser e através de ideologias, a cultura vai nomeando os objetos entre aquele que olha e o que se deve ver. (ONFRAY, 2018). O cosmos aristotélico, proclamando um ajustamento do desejo a uma lógica finalista, um princípio teleológico mascarado, que faria Spinoza e Nietzsche tremerem!

O desejo é determinado como qualquer outro comportamento, todo desejo é passível de descrição, e descrição é comportamento verbal. O desejo pode até certo ponto, escapar à descrição, pois aquele que sente, pode não discriminar o que sente, mesmo porque a evolução não tem nenhum compromisso ou mesmo apego aos atributos que pensadores modernos delegam ao homem, como autoconsciência, racionalidade e outros (GRAY, 2018). Mas não há desejo que seja transcendente ao corpo, à carne, à vida na terra, então nesse sentido, natural. O desejo é imanente! É a carne que fala, e para compreender essa linguagem, precisamos compreender relações entre eventos, conforme expressão de Lewontin (2002), compreender a dialética entre os organismos e seus ambientes.

Complexos são os homens e suas muitas correntes de pensamento, que numa produção de dar inveja a qualquer sistema produtivo, inventam, ou seja, produzem nomes os mais diversos para dar conta dessa dialética, preocupados com a imaterialidade, as ideias, a alma, o paraíso, o inferno, perdem em capacidade de análise e reflexão, se distanciam da única possibilidade de aprimoramento sobre o conhecimento da nossa condição: reconhecer à moda de Spinoza que somos parte da Natureza e que, portanto, os desejos, paixões, ódio, cólera, inveja, avareza e demais, decorrem da mesma necessidade e da mesma virtude da Natureza. Só assim podemos admitir certas causas (do desejo, por exemplo) passíveis de serem conhecidas como as propriedades de uma coisa qualquer (SPINOZA, 1957). O que devemos nos importar, ou melhor, o que importa, de fato, é a natureza das interações específicas entre comportamento e ambiente, ou seja, das contingências. (KOLHENBERG; TSAI, 1991).

O problema para muitos é a constatação da determinação do desejo, saber que não somos um império num império, conforme Spinoza (1957) mais uma vez, mas parte de um todo que lhe é muito maior, somos a parte determinada por um todo de múltiplas facetas. Isso implica em reconhecer limitações, como por exemplo, o mito do livre arbítrio, contestado belamente por Shopenhauer (1994), de que não existiria efeito sem causa, descontruindo um ideal, a certeza inabalável arquitetada desde Platão, de um inatismo da liberdade, de um controle sobre impulsos e paixões, de uma capacidade inconteste de deliberar absoluta, da primazia do querer sobre a biologia, de um querer indeterminado. Crença essa que só poderia ser parida por dualistas, amedrontados pela condição humana de vida pela vida, motivados por um ideal ascético, transcendente à própria carne, inventaram assim, o ideal por temerem o real (NIETZSCHE, 2001).

A busca de uma compreensão e definição do desejo perpassa a história do pensamento, pois no estudo do comportamento humano, entender o desejo, suas manifestações e principalmente suas determinações, pode ser um passo importante para entendimento do por que as pessoas fazem determinadas coisas e não outras. Platão inaugura a discussão, ou ao menos devido a sua condição de lugar privilegiado na mídia ateniense da época, tenha sido lembrado como tal em detrimento de outros que não tiveram a mesma visibilidade. Na sua análise presente em O banquete, o desejo ou Eros, seria falta, portanto, deseja-se aquilo que não se tem. Nesse sistema, o desejo é capenga, fraco, pano de fundo da religião, de acordo com a orientação temporal, para frente ou para trás, se derivam dele esperança ou nostalgia. (CONTE-SPONVILLE, 2006.). Ao retomar para trás, o desejo é nostalgia, pois não se tem aquilo que se gozou em outrora, e olhando a frente, o desejo é esperança, o que coloca o homem em posição de inércia e impotência, aguardando avidamente e eternamente por aquilo que não pode presentificar.

Para os crentes na liberdade e livre-arbítrio, ter um desejo que é configurado pela falta, que morre com a presença do objeto desejado, parece ser pior do que ter um desejo determinado. Não se dão conta de que o preço que se paga pela ilusão do livre-arbítrio será a servidão, a obrigação de se desejar o desejo do outro, ou seja, desejam que você acredite que é livre, assim, podem controlar e dar um nome para a ignorância dos controlados em identificar os determinantes do seu próprio comportamento. (BAUM, 2006). A equação é pregar o livre-arbítrio = desviar o foco dos nossos determinantes = maior facilidade de sermos controlados. Assim, os homens viverão em superstição, vivendo uma vida triste, um modelo de vida que passa a ser vivida e desejada pelo desejo do outro. (SANTIAGO, 2009).

Desejo é um movimento do corpo em dialética com o ambiente, quem deseja é o corpo, determinado por condições sociais, históricas, presentes num determinado campo, numa determinada época, num determinado tempo e espaço, num determinado solo, terra, cidade, relações, contingências. Retomando novamente o diálogo socrático O banquete, Pausânias reconheceu a determinação do desejo pelas leis da cidade, pelo que foi legitimamente acordado, ou seja, a lei do amor na vida dos cidadãos depende das cidades e suas convenções. Os homens desejam o que é convencionado desejar.

O desejo pode ser até mesmo determinado por si mesmo, reconhecido na fonte do materialismo como força, como presença, amor fisicamente determinado por si mesmo. Então quando se deseja algo é que esse algo se torna belo, e não o contrário, portanto, a determinação do belo é fruto do desejo do corpo de quem o sente. Um desejo que é potência, e não a falta do discurso platônico-cristão. (CONTE-SPONVILLE, 2006).

Outra consideração possível, levando em conta a defesa das múltiplas facetas da determinação do desejo, seria a“hipótese espantosa” (CRIK apud PINKER, 2004), que aponta uma determinação biológica, portanto, inata, em que os nossos pensamentos, sentimentos, estados, alegrias, tristezas seriam determinados, todos eles, por atividades fisiológicas do cérebro. É fato que as pesquisas em neurociências, em evolução, sociobiologia, etologia e demais, deixam claro a determinação biológica, porém, não confundamos que alguns aspectos do comportamento humano (incluindo a capacidade de desejar) são inatos, por todosos aspectos do comportamento humano são inatos. (PINKER, 2004). Mesmo porque a aprendizagem operante é abundante na experiência humana, Antônio Damásio vem nos auxiliar na íntegra:

“Quanto mais complexa a reação, mais a aprendizagem assume esse papel. Reações como chorar e soluçar estão prontas na data do nascimento, mas as razões por que choramos ou soluçamos ao longo da vida variam com nossa experiência.” (DAMÁSIO, 2004, p.42)

Esse inatismo não deve ser ignorado, mas posto em seu devido lugar, é fato que os organismos começam a se comportar desde o embrião, alguns comportamentos nas fases pré e pós-natal são independentes de estimulação e demais contingências, mas é fato que não há prontidão, não nascemos completos, os primeiros contatos com o ambiente já produzem modificação no comportamento (CATANIA, 1999). Ademais, esse inatismo enquanto uma condição privada não pode controlar o organismo independente da relação estabelecida com o ambiente sociocultural do qual este organismo está inserido, nem tampouco um sentimento, um pensamento, ocorre sem alguma estimulação ambiental externa (COSTA, 2002.), acrescentaria ainda que nenhum desejo pode ocorrer, portanto, exclusivamente sob controle de fatores estritamente biológicos, pois o organismo está em constante interação com o meio, logo o contorno do desejo, a sua manifestação, a sua presentificação e seu objeto, são em larga medida, determinados na relação inequívoca do organismo com o seu ambiente.

O desejo serve à sobrevivência e reprodução, determinantes últimos, que podem até mesmo explicar algumas preferências como, por exemplo, a escolha por parceiros a partir da contemplação de certos atributos de beleza, que podem ser sinônimos de fertilidade, saúde, boas condições para um parceiro apto a manter seus genes. Determinadas preferências que foram selecionadas, evoluídas para ajudar o possuidor a encontrar o parceiro apto. (PINKER, 2004).

Assim como a evolução explica o início da saga humana terrestre, explica também a determinação do desejo, ele é físico, químico, arranjo de matéria, contudo, segue as mesmas leis da Natureza, tendo como sustentação os princípios de sobrevivência, reprodução e seleção por consequências.

A predisposição para desejar pode existir a priori, independente da experiência já sentimentos, mas se aprende a falar dele a posteriori, na troca com o mundo, bem como a desejar outras infinidades de coisas. O mundo externo fornece ao organismo as condições necessárias para tatearmos o desejo, bem como sua manifestação e até mesmo para a forma “correta” de senti-lo. Somos resultado da interação entre o organismo e o nosso ambiente, na verdade ambiente-comportamento, assim, um dos foco de análise de uma ciência comprometida com o comportamento humano, deveria ser a determinação do desejo considerando as variáveis ambientais. (TODOROV; MOREIRA, 2009).  

Aprendemos a desejar algumas coisas como aprendemos a andar de bicicleta. A cultura busca o adestramento neuronal, conforme expressão de Onfray (2010), mas o filósofo vai além e fala de uma domesticação do desejo em formas socialmente aceitáveis. O desejo é moldado como uma peça de gesso, a cultura tenta pôr ordem a essa força considerada nociva pelos moralistas platônicos, cristãos. Ele é perigoso, principalmente quando traduzido em comportamento sexual, deve ser contido, nas próprias palavras de Onfray (p.59, 2010) “quando o sexo fala sozinho, exprime as pulsões mais brutas do cérebro reptiliano”. A sociedade moralizante entra em cena e pulveriza qualquer forma de desejo, caducando o corpo e limitando a matéria, a miséria do desejo é cultivada e aplicada pelos clérigos mansos de uma sociedade incapaz de aceitar sua naturalidade. Se nos dispusermos a uma jornada de autoconhecimento, como por exemplo, psicoterapia, que nos provoca, nos instiga a investigar o nosso ambiente, nossas relações e mesmo nosso mundo privado, descobriremos que os desejos mais íntimos que consideramos nossos, podem na verdade, em sua maioria, nascerem e serem alimentados a expensas dos outros. (MONTAIGNE, 1533-1592)

O desejo é padronizado pela sociedade capitalista como um automóvel saindo da linha de produção. O desejo é produzido em série, segue determinadas diretrizes de fabricação, atende a determinados critérios. Nietzsche (1999) aponta a necessidade de trazer à deriva os determinantes biológicos, sociológicos e históricos que direcionam e condicionam a ação humana, os valores, logo, o desejo. Difícil empreitada! A desconstrução da moral e do livre-arbítrio proposta por Nietzsche perpassa não por uma liberdade isenta de qualquer determinação, mas uma liberdade relativa, que se inicia em identificar os determinantes do desejo, logo, do comportamento humano.

A sociedade cria pessoas distantes de si mesmas, da sua naturalidade.  Ela organiza o desejo. Étien de La Boétie em O discurso da servidão voluntária interroga como um número infinito de pessoas pode se sujeitar à vontade de um? Aguentar humilhações, roubos, deboches, crueldades, barbáries? Como podem as pessoas se sujeitarem a isso? Ele observa certa naturalidade nas criaturas, por viverem em liberdade no seu habitat, os animais resistem quando são capturados, algumas espécies preferem morrer à gaiola. Porque o homem se sujeitaria a tal condição? Resposta bela do autor: o condicionamento social cega as pessoas, não se pode desejar a liberdade se não a conhece. O desejo pelo natural é extirpado do corpo, que passa a desejar ser controlado, manipulado, herança da servidão, desejo cultural transformado em natural, logo, “voluntário”.

A sociedade trabalha o corpo, trabalha o desejo, os afetos, as ações, os pensamentos. Desejamos aquilo que foi acordado como legítimo, jogamos o jogo sem nos dar conta de que estamos ilusoriamente fazendo o que gostaríamos de fazer. Contaram-nos coisas, nos fizeram acreditar em alma, fantasmas e superstições, mulheres são passivas, homens não usam saias, a mente controla a ação. Assim, a sociedade legitima e autoriza determinadas paixões e condenam outras. Determinação do desejo, portanto, que não é simplesmente guiado, mas arremessado como uma flecha brocha para um alvo único, impingido. Sem variabilidade, sofremos mais!

Referências

BAUM, William M. Compreender o behaviorismo: comportamento, cultura e evolução / William M. Baum; tradução Maria Teresa Araújo Silva… [et al.]. 2. ed. rev. e ampl. – Porto Alegre: Artmed, 2006.

CATANIA, A. C. (1999). Aprendizagem: Comportamento, linguagem e cognição. (D. G. Souza, Trad – 4ª ed.). Porto Alegre: ArtMed. (Trabalho original publicado em 1998).

COSTA, N. (2002). Terapia analítico-comportamental: Dos fundamentos filosóficos à relação com o modelo cognitivista. Santo André: ESETec Editores Associados. Janeiro: Tecnoprint, 1994.

DAMÁSIO, Antônio. Em busca de Espinoza: prazer e dor na ciência dos sentimentos. Adaptação para o português do Brasil Laura Teixeira Motta. – São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

GRAY, JOHN. A alma da marionete: um breve ensaio sobre a liberdade humana / John Gray; tradução de Clóvis Marques. – 1ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2018.

KOHLENBER, Robert J.; TSAI, Mavis. Psicoterapia Analítica Funcional: Criando Relações Terapêuticas Intensas e Curativas. Esetec Editores Associados, 1991.

LA BOÉTIE, Étienne de. Discurso da servidão voluntária. Tradução de Casemiro Linarth. São Paulo: Martin Claret, 2009. Título original: Discours de la servitude volontaire.

LEWONTIN, Richard. A Tripla Hélice. Tradução de José Viegas Filho. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

MONTAIGNE, Michel de, 1533-1592. Ensaios: Que filosofar é aprender a morrer e outros ensaios / Michel de Montaigne; tradução Julia de Rosa Simões. – Porto Alegre, RS: L&PM, 2017. 240 p.

NIETZSCHE, F. Genealogia da Moral. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

NIETZSCHE, F. W. “O Crepúsculo dos Ídolos ou a Filosofia a Golpes de Martelo”. (Trad. Edson Bini Márcio Pugliesi – USP). Do Original Alemão: Götzen-Dämmerung, 1888. Editora Hemus Livraria, Distribuidora e Editora S.A. Curitiba-Paraná, 2001.

ONFRAY, M. A potência de existir: manifesto hedonista. Tradução Eduardo Brandão. – São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.

ONFRAY, Michel. Cosmos: uma ontologia materialista. São Paulo: Martins Fontes, 2018.

PINKER, S. (2004). TABULA RASA: A negação contemporânea da natureza humana. São Paulo: Companhia das Letras.

PLATÃO. O Banquete. Editora: VirtualBooks. Ano 2003. Livro Digital. Formato: PDF.

SANTIAGO, H. Superstição e ordem moral do mundo. P.171-212. In O MAIS POTENTE DOS AFETOS: SPINOZA E NIETZSCHE. André Martins (org); revisão técnica Danilo Bilate. – São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.

SCHOPENHAUER, Arthur. O livre arbítrio. Tradução de Lohengrin de Oliveira. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1994.

SPINOZA, Benedictus de. Ética, trad. Lívio Xavier, Rio de Janeiro, Ediouro/Tecnoprint, 1957. Ética, parte III, p. 87).

SPONVILLE, André Comte-. Tratado do desespero e da beatitude. Trad. Eduardo Brandão. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

TODOROV, J. C.; MOREIRA, M. B. (2009). Psicologia, comportamento, processos e interações. Psicologia: Reflexão e Crítica, 22, 404-412.

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